terça-feira, 16 de junho de 2009

JUBILEE CHURCH,RICHARD MEIER

ANALISE PROJETUAL DA IGREJA DO JUBILEU
RICHARD MEIER


INTERIOR X EXTERIOR

Durante a análise deste edifício iremos nos focar em um breve estudo da analise projetual e de suas peculiaridades, assim como o seu tema principal que nos remete as relações de interior e exterior, que não só como no outro empreendimento em que estudamos anteriormente – TEATRO AGORA, UN STUDIO - se coloca de uma forma bastante rígida, este por sua vez se permite transpor os limites de certas “barreiras” provocando aos espectadores e promovendo sensações tais como de dissolução, permeabilidade, incerteza do que è interno ou externo alem do convite a novas experiências.
O projeto começou em 1995 como um concurso, que incluiu convidados como Santiago Calatrava, Peter Eisenman, e Frank Gehry. Meier foi atribuído à Comissão em 1996, ganhou a indicação do concurso e a construção começou em 1998. A Igreja se situa em uma superfície plana e a cerca de dez quilômetros do centro de Roma. É vizinho a uma área de baixa / médio renda de complexos habitacionais construídos na década de 1970 fazendo limite com um parque público.
Para podermos entender melhor o partido do projeto e suas relações devemos partir da idéia principal de que a luz foi tratada de forma diferenciada e adotada como elemento e ferramenta de projeto durante todo o processo criativo da edificação. Portanto podemos dizer que a luz neste projeto se torna a protagonista da nossa compreensão e leitura para com esta edificação e como esta por sua vez se relaciona com seus espaços internos e com a área em que a mesma se encontra inserida.


Podemos dizer, também, que è somente através desta compreensão que seriamos capazes de abstrair, perceber e sentir a edificação, os seus espaços, suas singularidades e suas relações com o entorno, portanto è através desta ferramenta projetual, luz, que somos induzidos a experimentar o que chamamos de sagrado. Diante de toda esta ideologia, teológica è que mergulhamos no edifício e no seu entendimento, tendo a luz na sua origem projetual e sensitiva.


Mas como utilizar a luz, e permitir a ela que tomasse quase que como uma vida própria, no edifício? Foi através do elemento vidro que se fez todo o trabalho necessário para a luz se mostrar como esperado. Através dos grandes fechamentos verticais em vidro, juntamente com a relação essencial do topo, da cobertura, que neste caso trabalha intensamente e tem um papel também primordial na compreensão do espaço. Todo o teto è de vidro ou composto por clarabóias de vidro que permitem um dialogo direto com o céu e torná-lo parte integrante quase que como uma pintura de afresco, estampando as nuvens do céu azul sobre as cabeças dos que pela igreja passam. Alem de promover todo um ensaio cênico com um jogo de luz e sombra exaltando o divino, o puro e o misterioso.

Esta mesma luz por sua vez à noite, também se faz protagonista da atmosfera mística e cênica em todo o espaço da igreja tornado-a “aberta e acessível” para quem a vê, irradiando tal luz de dentro para fora. Promovendo com isso a criação de uma presença serena e convidativa, não só a edificação, mas a paisagem a qual ela agora faz parte e se encontra inserida, pois, é através de seus fechamentos em painéis de vidro verticais que acabam por formar as suas fachadas frontais e de fundo, assim como a sua cobertura, que nos remete a tal resultado. Na maioria do tempo perdemos a noção do que è interior e do que è exterior o convívio na maior parte da edificação è simultâneo e portanto as fachadas de frente e de fundo se comportam como paredes de vidro que funcionam como limítrofes entre o externo e o interno, mas se coloca de forma a ser vivenciada como um evento e um elemento de transição em toda a sua organização.
A relação entre suas fachadas è um tanto interessante quando comparamos a frente e o fundo observamos que atravessamos de um lado a outro sem nem mesmo adentrarmos, somente pelo efeito da transparência de seus painéis de vidro. E quando a vemos em suas fachadas laterais, observamos que em um dos lados temos o escamotamento da estrutura principal da nave da igreja, em três seguimentos de circunferência que formam os três arcos de concreto branco, que quase se apóia sobre a estrutura de vidro criada para os fechamentos e a protege das ações mais agressivas das intempéries alem de privilegiar um eixo principal de visão.

Fica clara como a forma escultórica adotada para a edificação foi algo determinante e limitante dos atos projetuais, portanto temos a vista um perfeito entendimento que a criação dos elementos em casca dos arcos de concreto, permaneceu como, forma, pré-determinada e posteriormente com todo o seu formalismo o ato de resolver internamente foi tradicionalmente adequado ao seu interior. E juntamente com este aspecto do invólucro escultórico, este por sua vez composto pelas cascas de concreto branco, vidro e a massa edificada lateralmente ao conjunto, conformam um caráter expositor das relações internas, não se preocupando em criar barreiras na exposição dos espaços e suas complexidades internas. Isso na maior parte da edificação sendo salva a massa edificada do anexo de serviço e atividades multifuncionais.

Com isso finalizamos o entendimento exaltando a delicadeza, respeito e sensibilidade que o arquiteto teve ao projetar esta igreja, de forma clara, objetiva ressaltando seus valores e papéis perante o publico, não se desvirtuando da organização padrão das igrejas católicas, mas sim tornado-a um marco no entendimento na expreçao autentica de uma arquitetura contemporânea seja ela qual for o tipo, gênero ou uso.

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REFERENCIAS:

O texto “complexidade e contradição em arquitetura” por Roberto Venturi
Foi balizador para esta analise das relações de interior e exterior .

Alguns dos sites principais, pesquisados como referencia:

http://www.archnewsnow.com/features/Feature123.htm
http://www.youtube.com/watch?v=TDSsCTFoWKI
http://www.designbuild-network.com/projects/Jubilee/
http://www.tablethoteis.com.br/stars-celebrities-hotels-picks/Richard-Meier/2

segunda-feira, 15 de junho de 2009

AGORA THEATER - UN STUDIO

ANALISE PROJETUAL DO TEATRO AGORA
UN STUDIO

INTERIOR X EXTERIOR
Sendo parte integrante de um másterplan elaborado por Adrian Geuze e desenvolvido pelo escritório UN STUDIO, que por sua vez teve em suma, como iniciativa, a reconstrução de algumas cidades Holandesas do pós-guerra. Sendo assim este edifício fora pensado no intuito de abrigar um grande teatro, que se comportasse com um marco na cidade e na arquitetura contemporânea. O que, sem duvidas foi alcançado pelos seus idealizadores e patrocinadores, alem disso conseguiram juntamente a isso promover uma fantástica experiência urbana do edifício e seu relacionamento com os que vivenciam a área e seu entorno.

Portanto temos diante de nos um edifício muito peculiar e rico não só nas relações de expressão do exterior com o interior, mas para a arquitetura como um todo. Originando-se da necessidade de se adequar dois espaços teatrais separados, acusticamente ideais e componentes de um mesmo volume, o Teatro Agora nos possibilita entender as relações espaciais em tudo aquilo que conhecemos, onde os espaços tornam-se nada mais que organismos integrantes de uma simbiose perfeita de espaços vivendo dentro de outros espaços. Ou seja, o edifício abriga no seu interior, múltiplos espaços que se conformam e dialogam de forma a se complementarem plenamente, como por exemplo, a existência de dois auditórios, um café, um restaurante, um foyer para visitantes outro para os artistas e outros diversos espaços servidos e de serviço como camarins, depósitos, quartos de limpeza e etc.



E com isso notamos no seu interior a essência em verdadeiro caráter projetual do edifício, como um verdadeiro centro criativo e que existe um ou na verdade vários “universos” sendo vivenciados e experimentos dentro do edifício. Tornado assim primordial o entendimento da necessidade do partido, ao expressar com tamanho rigor, a existência de forma tão real e clara, do que é interno e do que é externo. Sem esta noção básica tornaria-se muito difícil ou ainda ousaria em dizer, quase impossível a compreensão do edifício e seu partido assim como as suas idéias e soluções peculiares.


Apartir deste momento dar-se um grande passo no entendimento da edificação e suas relações interespaciais, agora quando observamos a primeira vista o exterior do edifício percebemos uma destruição total das fachadas, mais ou menos como se estivessem faltando pedaços do edifício. Mas como havíamos dito anteriormente este também é um aspecto proveniente, ao que tudo indica, do histórico e da iniciativa do projeto de ser parte integrante de um plano de “reconstrução de cidades” e este foi exatamente o cenário que muitos devem ter se visto e percebido, o da destruição, da desconstrução e do arrasamento. E é nesta atmosfera de sentimento dramático que se encontra em meio aos destroços nas paisagens de cidades bombardeadas, que se faz expresso artisticamente ao longo de todas as fachadas do Teatro, a “agonia” de seus planos salientes lapidados em ângulos afiados por todas as fachadas como se estivesse aprisionando sobre seus escombros algo vivo prestes a sair.

Sendo assim caracterizamos as fachadas do edifício, como um invólucro multifacetado que abriga um acumulo considerável de espaços e suas complexidades se relacionando de forma interdependente. Mostrando-nos o que provavelmente foi uma decisão projetual de se resolver tecnicamente a edificação internamente e depois partindo para o externo, se obtendo como produto final esta “pele” que envolve totalmente o edifício denunciando claramente que a sua forma foi produto final de uma resolução baseada nas suas necessidades e composições espaciais internas.

Ainda assim esta “pele” que envolve e não somente segrega o interior do exterior do edifício, tem um papel importante para o partido arquitetônico, alem de limitar a estrutura ao exterior ela dita exatamente o perímetro e área da superfície da edificação. Ou seja, ela remonta o conceito da complexidade contida, mas que não se limita a uma forma pré-definida, mas sim demonstrando e se amoldando exatamente ao que é o edifício. Através de seus espaços organizados em camadas que possibilitam ao observador vivenciar contrastes tão presentes, marcantes e quase exagerados por todo o projeto em sua forma, posição, padrão e tamanho.

E neste momento em que percebemos e entendemos as fachadas como um invólucro que somente fecha a edificação, não è mais possível notar a grande relação existente entre base e topo das edificações. Tudo isso porque agora frente, fundo, base e topo são conseqüências da orientação do observador e não de uma imposição por elementos arquitetônicos que denunciem esta percepção, è claro que a noção de frente e fundo ainda existe e se torna ainda mais importante sabendo agora, que as laterais são extensões das fachadas de fundo e das frontais e o topo não è mais percebido, mas avistado como uma linha de cumeada somente o contornando a massa edificada.

A frente do edifício è denunciada pela necessidade projetual de se convidar o observador a adentrar a edificação e despertar no mesmo a curiosidade. Tudo isso através da dissolução mais uniforme de sua base pela inserção de painéis de vidro que deixam transparecer o seu interior, como forma de protagonizar a luz como elemento de percepção e entendimento do espaço, promovendo durante o dia a sensação de abertura e transparência convidativa que denuncia e expõem o interior do prédio. E durante a noite a luz se comportando como agente modificador na compreensão do espaço, convidando e desmaterializando as barreiras físicas deste invólucro tão fechado e aparentemente lacrado.
Já a fachada dos fundos remete de forma fria e pesada a massa edificada, totalmente revestida e protegida por seu invólucro intocável, essa primeira percepção seria muito simplista porem certa, dada a necessidade expressa por esta fachada, que se deu na interferência do partido interno diretamente no partido externo independente do resultado.

Alem disso outra ferramenta ou conseqüência, capaz de nos fazer perceber as relações de interior e exterior existente neste prédio seria a utilização de sucessão de planos, que podemos diagnosticar como uma ferramenta capaz de aludir à transição de interior e exterior. Promovendo em determinado momento uma sobreposição capaz de revelar o interno e o externo de forma intrínseca, como podemos perceber no foyer dos artistas. Estando acima da entrada e permitindo aos mesmos prestar atenção ao publico, que se aproxima do teatro para os espetáculos; através de uma grande janela, em um plano inclinado com seu fechamento em vidro, podendo assim abstrair e dialogar com o exterior e forma clara, porem muito reservada sem se fazer totalmente amostra com o exterior.

Concluímos, portanto que estamos diante de uma obra com um conceito arquitetônico muito peculiar e que nos cabe muita cautela ao analisarmos, o que ao longo deste texto se tentou de forma clara e objetiva, se construir. E sem desmerecer em nenhum aspecto a grandeza e riqueza das informações ainda existentes à serem analisadas, porem nos atentando aos aspectos mais pertinentes para a nossa síntese do entendimento das relações de interior e exterior. Sendo assim è possível concluir que o projeto se mostra rigidamente fechado a primeiro momento e internamente reflete a simbiose na existência de espaços internos múltiplos conformadores de um todo que dialogam e se complementam plenamente.

Permitindo de forma racional e bem conservadora que o espectador, colocado de forma interna se veja preso a uma espécie de fuga da realidade exterior imerso em um “mar” de sensações e contrastes marcantes, não se sinta atraído em nada, ao ponto de negar totalmente o dialogo com o exterior se reservando somente em condições de algumas janelas nos foyers e no alto das salas de conserto promovendo uma iluminação mais senica aos ambientes. Sendo assim um partido de fachadismo rígido, que promove a expectativa caótica de suas linhas e ângulos desfigurativos, que menosprezam o contato com o exterior de forma a contemplá-lo de pontos estratégicos, internamente ou durante a noite onde a luz emana por entre os painéis de vidro promovendo a falsa idéia de transparência e fluidez convidativa ao interior.

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REFERENCIAS:

O texto “complexidade e contradição em arquitetura” por Roberto Venturi
Foi balizador para esta analise das relações de interior e exterior .

Alguns dos sites principais, pesquisados como referencia:
http://www.arcspace.com/architects/un/lelystad2/lelystad2.html
http://www.e-architect.co.uk/holland/theatre_agora_lelystad.htm
http://www.unstudio.com/projects/country/nl/1/142